quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Coragem de mudar


“Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5:17). Duas rãs eram vizinhas. Uma delas habitava uma lagoa profunda distante dos olhares públicos e a outra em um valão com pouca água e atravessado por uma estrada rural. A rã que vivia na lagoa advertia sempre a amiga do perigo e lhe aconselhava a mudar de residência. Convidou-a a morar com ela na lagoa onde teria mais segurança e comida mais abundante. A outra recusava dizendo que estava acostumada ao lugar onde vivia e seria muito difícil a mudança. Um certo dia, um carro passou pelo local e esmagou a rã embaixo de suas rodas.
Muitos cristãos vivem acomodados em seu viver diário, sem frutos, sem experiências, sem ousadia espiritual. Temem qualquer tipo de mudança e acabam sendo inúteis para a expansão do reino de Deus. Estão tão conformados com as vidas fúteis e debilitadas que não são capazes de enxergar o muito que Deus quer fazer através de seus testemunhos.
Alguns pensam que uma pessoa que vive diante de Deus não tem vontade própria e é dirigida como um autômato que apenas obedece o que lhe mandam. Não pode isso e aquilo, não podem brincar, nem se divertir, nem experimentar as coisas boas da vida. Estão equivocados!
Jesus veio nos trazer vida abundante e eterna. Veio mostrar que quando temos a coragem de mudar os antigos costumes, novos horizontes de felicidade se abrem diante de nós e mesmo ao enfrentar as tempestades que sobre todos se abatem, temos a paz verdadeira e motivos de regozijo pela certeza de que o Senhor estará caminhando sempre ao nosso lado, pronto a interceder quando isso se fizer necessário. Por que viver na sequidão e escassez se o Senhor nos oferece a profundidade de Seu amor e a fartura de suas bênçãos?

Simples reflexão sobre a criança e o adulto espirituais


“Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser adulto, acabei com as coisas de menino” I Cor. 13:11.
Paulo ao escrever este trecho das Escrituras Sagradas via na igreja de Corinto a profunda necessidade de crescimento espiritual àqueles crentes que até então, recusavam-se, muitos deles, a crescer.
Desejo, baseado nesta passagem, assinalar alguns contrastes que percebo entre o menino e o adulto na vida espiritual. Ei-los:
1 – O menino está sempre apegado ao seu ego, portanto tudo o que faz é para satisfação própria.
2 – O adulto tem maturidade suficiente para entender que a glória dos homens é vazia e de pouca duração.
3 – O menino adora brincar de adulto, falar como adulto, se vestir como adulto, e dizer pra todo mundo que é adulto, mas quem olha pra ele sabe que ele é menino.
4 – O adulto simplesmente é! Não tenta convencer ninguém de sua maturidade, não faz propaganda de sua maturidade, tampouco a exibe, porém quem lho conhece intimamente, sabe que ele é maduro.
5 – O menino não se responsabiliza pelas suas escolhas, quando escolhe errado, culpa a Deus, ao Diabo, aos homens e aos anjos.
6 – O adulto assume suas escolhas, certas ou erradas ele as encara com maturidade, mesmo sofrendo procura levantar-se diante da vida e seguir em frente.
7 – O menino adora os “vivas”.
8 – Para o adulto, tanto faz os vivas como as vaias.
9 – O menino se revolta facilmente, busca cúmplices para sua mediocridade, adora fazer joguinhos políticos do tipo “Com certeza ganharei algo com isso” e mais, desconfia de todos porque não é confiável, critica a tudo e a todos mas não suporta críticas, é muito “sincero” com as pessoas mas não agüenta sinceridade, sente prazer na queda do irmão, mesmo que este prazer se disfarce de mórbida “comoção”.
10 – O adulto cresceu, amadureceu, por isso mesmo sabe que pode ficar sozinho a qualquer momento, sabe que as emoções humanas são traiçoeiras, sabe respeitar o ser humano e não as aparências, sabe que seu pior inimigo é ele mesmo, conhece seu lado de luz e escuridão, seu lado bom e perverso, seu ego e sua “sombra”.
Por isso, no contexto de Coríntios 13, o versículo 13 coloca a fé, a esperança e o amor como dádivas sublimes, porém, ao menino creio ser possível ter fé e esperança, mas o maior destes que é o amor, só é reservado aos adultos espirituais.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A DIFERENÇA PEDE LICENÇA


Asociedade é um imenso mercado, onde muito cedo as pessoas são etiquetadas e colocadas em algum lugar, sem escolha possível. O bonito, o feio, o desajeitado, o inteligente, o atrasado, o grande, o pequeno, o normal, o anormal…
E julga-se, sem piedade, os fracos, os fortes, os vencedores, os perdedores, os sãos, os doentes.
Chama-se de diferente aquele que não está na mesma linha de normalidade que a maioria do ser humano. Mas, o que é ser diferente senão o fato de não ser igual? Não somos assim, todos diferentes?
Por que etiquetas, se todos trazemos em nós riquezas inúmeras, mesmo se muitas vezes imperceptíveis aos olhos humanos?
A diferença pede licença sim!!!
Dá-me oportunidade! Deixa-me mostrar quem sou, ao meu tempo! Deixa-me desenvolver minhas capacidades e farei florir meu deserto.
Peço é oportunidade para mostrar do que sou capaz. Peço aceitação para estar no meu lugar, não o escolhido pra mim, mas aquele onde sou capaz de chegar.
Se não plantarmos sementes, jamais colheremos frutos!
Deixar que cada qual desenvolva a seu tempo e seu ritmo o seu potencial é dar abertura ao mundo. É a diversidade de flores que dá a beleza a um jardim.
Quem é normal e quem é anormal se o sangue corre da mesma forma para todos, se o coração bate da mesma forma, se as lágrimas têm a mesma cor e se o sorriso fala com as mesmas palavras? A diferença pede aceitação, pede respeito, pede tolerância e pede, sobretudo, muito amor.
Anormal não é quem foge dos padrões sociais; anormal é quem não compreende e não aceita que somos todos seres imperfeitos, mas, nem por isso, diminuídos aos olhos de Deus; anormal é quem se acredita grande e pensa que o mundo todo é pequeno; é quem não percebeu o verdadeiro significado da palavra amar.
Quando Jesus morreu de braços abertos foi para abraçar toda a humanidade; quando perdoou o ladrão, lavou pés, sarou cegos e leprosos, foi para nos dar a lição da humildade, para nos mostrar que grande mesmo é aquela pessoa capaz de abrir todas as portas do seu coração e de olhos fechados receber com amor todo aquele que a vida coloca no nosso caminho, independente da sua classe social, raça, religião, condição física ou mental.
A diferença pede licença!…
Abra-lhe o caminho e você vai ver onde ela é capaz de chegar!

sábado, 24 de setembro de 2011

PRECISAMOS ARRUMAR A CASA !


“Naqueles dias, Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal; veio ter com ele o profeta Isaías, filho de Amoz, e lhe disse: Assim diz o SENHOR: Pôe ordem na tua casa, porque morrerás e não viverás. Então, virou Ezequias o rosto para a parede e orou ao SENHOR. E disse: Lembra-te, SENHOR, peço-te, de que andei diante de ti com fidelidade, com inteireza de coração e fiz o que era reto aos teus olhos; e chorou muitíssimo. Então, veio à palavra do SENHOR a Isaías, dizendo: Vai e dize a Ezequias: Assim diz o SENHOR, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; acrescentarei, pois, aos teus dias quinze anos”. Isaías 38:1-5.
O que fez com que Deus mudasse seus planos foi a oração confiante do coração sincero de Ezequias. Embora a morte só viesse 15 anos depois, a ordenança de pôr ordem na casa deveria ser uma atividade constante, sempre no presente. O termo: “Pôr ordem na casa” era um sentido figurado que foi empregado para indicar que Ezequias tinha que arrumar sua vida num contexto geral. Semelhante ao caso de Ezequias, assim também devemos agir, isto é, arrumar nossa casa fazendo uma viajem em seu interior e não julgarmos como juizes impiedosos a fim de não morrermos aos poucos devido às doenças adquiridas pela não manutenção de nosso ”Eu pessoal”.
Se abrirmos as portas e mostrarmos a Deus os corredores que nos dão acesso aos mais complexos compartimentos do nosso ser e definirmos uma dependência total dos seus critérios, além de vermos exterminadas nossas mais agudas crises, nos conheceremos e nos resolveremos; pois somente através das atitudes como a de Ezequias é que se pode sair do âmbito de labirintos e ter uma vida acrescentada de experiências significativas.
Precisamos trazer a luz os cacaréus que estão a um considerável tempo na sala de espera. Veja bem que Ezequias não se conformou com a situação e a condição que lhe tirava a paz sua atitude foi imediata, mas não é bem assim que reagimos aos impasses, nós vamos nos acostumando a dizer: Amanhã eu vejo isso, depois eu cuido daquilo,outro dia eu faço….. E assim vamos retardando a varredura, acumulando a impureza que cada vez mais se torna pesada, por isso andamos curvados, sem imunização e usando fórmulas ineficazes para o desencargo de consciência.
No quarto escuro onde temos medo de entrar porque as recordações, os traumas, as acusações e os maus êxitos são marcas que estão estampadas na antiga porta, temos que acender as luzes da esperança e do perdão; pintar as portas com as cores da gratidão e humildade para conseguirmos descansar na cama da tranquilidade.Vamos então, enfrentar a bagunça armazenada no sotão que é o local onde reservamos coisas inúteis como, por exemplo; as crendices ilógicas que amarram nossa liberdade, as quais não abrimos mão, portanto, convidemos o Senhor para o nosso sotão e afastemos de lá as poeiras que jogamos debaixo do tapete do cinismo e da falsa aparência. Experimentemos descortinar os nossos corações e nos desengavetarmos da ociosidade que adia a plenitude de nosso ser para recebermos a irradiação solar das boas-novas.
Quando limpamos os cômodos gerais da alma e incineramos os lixos, vai-se aquele panorama de abandono; e enquanto entra a sensação de aproveitamento de tempo e espaço acompanhado de maior acomodação, nosso clima, agora já poético, nos livra da culpa; ficamos leves, com saúde, até o nosso rosto se aformoseia.
Ponhamos ordem em nossa casa, para que esta seja a morada de Deus e lar para abrigarmos tudo o que é bom.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Onde estava Deus?

Foi a pergunta que mais ouvimos, com os acontecimentos catastróficos ocorrido nos últimos dias. Aliás, por que sentimos mais a morte de uma dezena de crianças, do que a morte de milhares de pessoas vitimas duma tsunami? Catástrofes naturais são naturais, mas não deveria ser natural o ser humano monstrificado, matar pessoas inocentes! É difícil conviver com essa dor!
Deus está onde sempre esteve, e não está alheio aos acontecimentos! Onde estava Deus quando Caim matou Abel? Estava com Caim, tentando desfazer em sua sua mente livre, o intento criminoso, uma manifestação de amor, que só acumulou juízo. Não se esqueçamos, há juízo, haverá juízo de Deus sobre tudo e sobre todos!
Onde estava Deus, quando o maluco do Herodes mandou matar todos os meninos abaixo de 2 anos de idade que havia em Belém, e em todos os seus arredores? Estava lá, e acompanhando José e Maria, que fugiam para o Egito para proteção do menino Jesus! Por que sempre achamos, que se Deus é tão poderoso, poderia enviar um raio do céu, destruir todos os inimigos, não tendo nenhuma necessidade de Jesus, o rei menino, criador do universo, ter que fugir nos braços de Maria?
Onde estava Deus, quando Estevão foi apedrejado inocentemente, depois de terem subornado pessoas para terem com o que acusá-lo. Estevão viu o que nenhum e nós tem visto, Jesus em pé, a direita de Deus Pai, o aguardando a sua chegada na eternidade!! Oh glórias!!!
Onde estava Deus, quando viu seu único filho Jesus, ser traído, vilipendiado, sangrado até a morte e morte de cruz? Estava lá e está, onde sempre esteve! Aguardando o momento da ressurreição! Aguardando o trunfo da vida sobre a morte!
“Quer vivamos quer morramos, somos do Senhor” Romanos 14.8

A escola do deserto

Deus treina seus líderes mais importantes na e escola do deserto. Moisés, Elias e Paulo foram treinados por Deus no deserto. O próprio Jesus antes de iniciar o seu ministério passou quarenta dias no deserto. O deserto não é um acidente de percurso, mas uma agenda de Deus, a escola de Deus. É o próprio Deus quem nos matricula na escola do deserto. O deserto é a escola superior do Espírito Santo, onde Deus trabalha em nós antes de trabalhar através de nós. Deus nos leva para essa escola não para nos exaltar, mas para nos humilhar. Essa é a escola do quebrantamento, onde todos os holofotes da fama se apagam e passamos a depender total e exclusivamente da graça de Deus e da provisão de Deus e não dos nossos próprios recursos. Destacaremos, aqui, três verdades importantes:
1. Na escola do deserto aprendemos que Deus está mais interessado em quem somos do que naquilo que fazemos; Deus nos leva para o deserto para falar-nos ao coração. No deserto ele nos humilha não para nos destruir, mas para nos restaurar.No deserto, Deus trabalha em nós antes de trabalhar através de nós, provando que ele está mais interessado em nossa vida do que em nosso trabalho. Vida com Deus precede trabalho para Deus. Motivação é mais importante do que realização. Nossa maior prioridade não é fazer a obra de Deus, mas ter intimidade com o Deus da obra. O Deus da obra é mais importante do que a obra de Deus. Quando Jesus chamou os doze apóstolos, designou-os para estarem com ele; só então, os enviou a pregar.
2. Na escola do deserto aprendemos a depender mais do provedor do que da provisão. Quando o profeta Elias foi arrancado do palácio do rei e enviado para o deserto, ele deveria beber da fonte de Querite e ser alimentado pelos corvos.
Naquele esconderijo no deserto, o profeta deveria depender do provedor mais do que da provisão. Deus o sustentaria ou ele pereceria.
Deus nos leva para o deserto para nos mostrar que dependemos mais dos seus recursos do que dos nossos próprios recursos. É fácil depender da provisão quando nós a temos e a administramos. Mas na escola do deserto aprendemos que nosso sustento vem do provedor e não da provisão. Quando nossa provisão acaba, Deus sabe onde estamos, para onde devemos ir e o que devemos fazer. A nossa fonte pode secar, mas o manancial de Deus jamais deixa de jorrar. Os nossos recursos podem escassear, mas os celeiros de Deus continuam abarrotados. Nessas horas precisamos aprender a depender do provedor mais do que da provisão.
3. Na escola do deserto aprendemos que o treinamento de Deus tem o propósito de nos capacitar para uma grande obra. Todas as pessoas que foram treinadas por Deus no deserto foram grandemente usadas por Deus. Quanto mais intenso é o treinamento, mais podemos ser instrumentalizados pelo Altíssimo. Porque Moisés foi treinado por Deus quarenta anos no deserto, pôde libertar Israel da escravidão e guiar esse povo rumo à terra prometida. Porque Elias foi graduado na escola do deserto pôde enfrentar, com galhardia, a fúria do ímpio rei Acabe e trazer de volta a nação apóstata para a presença de Deus. Porque Paulo passou três anos no deserto da Arábia, ele foi preparado por Deus para ser o maior líder do Cristianismo.
Quando Deus nos leva para o deserto é para nos equipar e depois nos usar com graça e poder em sua obra. Deus não desperdiça sofrimento na vida dos seus filhos. Ele os treina na escola do deserto e depois os usa com grande poder na sua obra.
Não precisamos ter medo do deserto, se aquele que nos leva para essa escola está no comando desse treinamento. O programa do deserto é intenso. O curso é muito puxado. Mas, aqueles que se graduam nessa escola são instrumentalizados e grandemente usados por Deus!

Como Remover as Máscaras?

Se as pessoas nos conhecessem como Deus nos conhece ficariam escandalizadas. Se as pessoas pudessem ler todos os nossos pensamentos, ouvir todas as vozes que abafamos dentro de nós e auscultar todos os desejos do nosso coração afatar-se-iam de nós com assombro. Somos, muitas vezes, um ser ambíguo e contraditório. Queremos uma coisa e fazemos outra. Exigimos dos outros aquilo que nós mesmos não praticamos. Condenamos nos outros aquilo que não temos coragem de confrontar em nós mesmos. Para manter nossas aparências usamos máscaras, muitas máscaras. Se você diz que nunca usou uma máscara, é muito provável que esteja acabando de afivelar a máscara da mentira em seu rosto. Algumas máscaras são muito atraentes. Encantam as pessoas. Elas passam a nos admirar não por quem somos, mas por quem aparentamos ser. O profeta Samuel ficou impressionado com Eliabe, filho mais velho de Jessé, e pensou que estava diante do ungido de Deus. Mas, o Senhor lhe corrigiu dizendo: “Não atenteis para a sua aparência, eu vejo o coração”. Vamos, aqui descrever três máscaras que ostentamos:
1. A máscara da piedade. O apóstolo Paulo em 2Coríntios 3.12-18 fala que nós não somos como Moisés, que colocava véu sobre a face, para que as pessoas não atentassem para a glória desvanecente do seu rosto. Moisés foi um homem ousado. Enfrentou com grande galhardia Faraó e seus exércitos. Liderou o povo de Israel em sua heróica saída do cativeiro. Porém, houve um dia em que Moisés deixou de ser ousado e colocou uma máscara. Foi quando desceu do Monte Sinai. Seu rosto brilhava. Então, colocou um véu para que as pessoas pudessem se aproximar dele. De repente, Moisés percebeu que o brilho da glória de Deus estava se desvanecendo de seu rosto. Porém, ele continuou com o véu. Ele não queria que as pessoas soubessem que a glória estava acabando. Moisés manteve o véu para impressionar as pessoas. Ele usou a máscara da piedade. Muitas vezes as pessoas ficam impressionadas com a beleza das máscaras que usamos. Elas ficam admiradas da propaganda que fazemos da nossa espiritualidade. Pensam que por trás do véu existe uma luz brilhando, quando na verdade, esse brilho já se apagou a muito tempo.
2. A máscara da autoconfiança. O apóstolo Pedro era um homem de sangue quente. Falava muito e pensava pouco. Um dia, disse a Jesus que estava pronto a ir com ele para a prisão. E mais: ainda que todos os demais discípulos o abandonassem, ele jamais faria isso, pois estava pronto a morrer por Jesus. Pedro pensava que era melhor e mais consagrado do que seus condiscípulos. Era do tipo de crente que confiava no seu taco. Dizia com todas as letras: a corda nunca roe do meu lado. Mas, aquela máscara tão grossa de autoconfiança não passava de um fina camada de verniz de consumada covardia. Quando foi colocado à prova, Pedro dormiu em vez de vigiar. Pedro abandonou Jesus em vez de ir com ele para a prisão. Pedro seguiu Jesus de longe, em vez de estar ao lado de seu Mestre. Pedro negou a Jesus em vez de morrer por ele. Não é diferente conosco. Passamos uma imagem de que somos muito firmes e fiéis. Até fazemos propaganda de nossa fidelidade incondicional a Jesus. Mas, não poucas vezes, essa autoconfiança não passa de uma máscara para impressionar as pessoas.
3. A máscara da hipocrisia. Os fariseus eram os santarrões que tocavam trombetas acerca de sua espiritualidade. Faziam propaganda de sua piedade. Julgavam-se melhores do que os outros. Achavam que só eles eram fiéis. Quem não concordasse com eles, estava riscado do seu mapa. Eram especialistas em ver um cisco no olho de outra pessoa, mas não enxergavam a trave que estava em seus olhos. Porém, toda aquela aparência de santidade não passava de uma máscara de hipocrisia. A espiritualidade dos fariseus era só casca, apenas propaganda falsa. Jesus chamou os fariseus de hipócritas, ou seja, atores que representam um papel. Disse, ainda que eles eram como sepulcros caiados, bonitos por fora, mas cheios de rapina por dentro. Precisamos humildemente entender que somente pelo poder do Espírito Santo poderemos remover essas máscaras.
Vamos começar a fazer isso?

Pai, Um Homem Que Faz Diferença

Ser pai é um sublime privilégio, mas também uma imensa responsabilidade. Não basta gerar filhos, é preciso fazer grandes investimentos na vida deles para educá-los e prepará-los para a vida. Muitos homens tornam-se famosos e alcançam o apogeu do sucesso na carreira profissional, mas poucos têm êxito no recôndito do lar. A paternidade responsável é um grande desafio ainda hoje. Vamos observar, à luz da Palavra, alguns princípios importantes para os pais.
Em primeiro lugar, um pai que faz diferença é alguém que é um exemplo para os filhos. Antes de um pai ensinar os filhos, ele precisa viver o que ensina. O exemplo não é apenas uma forma de ensinar, mas a única eficaz. Antes de inculcar nos filhos a verdade, o pai precisa ter essa verdade no coração. O pai não pode apenas ensinar o caminho aos filhos, mas ensinar no caminho. O pai é um espelho. O espelho demonstra. Precisamos de pais que sejam modelo de honestidade, de piedade e vida cheia do Espírito.
Em segundo lugar, um pai que faz diferença é alguém que encontra tempo para os filhos. Quem ama prioriza. Quem ama encontra tempo par a pessoa amada. Um pai jamais pode sacrificar o importante no altar do urgente. Tudo à nossa volta tem o apelo do urgente. Mas, nem sempre o urgente é importante. Os filhos são importantes. Eles merecem o melhor do nosso tempo, da nossa agenda, da nossa atenção. Se um pai está tão ocupado a ponto de não ter tempo para os filhos, ele está ocupado demais. Na verdade, nenhum sucesso compensa o fracasso do relacionamento com os filhos. A herança de Deus na vida dos pais não é o dinheiro, mas os filhos. Presentes jamais substituem presença. Os filhos precisam dos pais, mais do que de coisas.
Em terceiro lugar, um pai que faz diferença é alguém que equilibra correção e encorajamento. O rei Davi pecou contra seus filhos porque não gostava de contrariá-los. O sacerdote Eli é acusado de amar mais os filhos do que a Deus, porém, seu amor não era responsável, pois ele foi conivente com o erro de seus filhos e não teve pulso para corrigi-los. Deixar de corrigir os filhos é um grande perigo. Porém, a correção precisa ser equilibrada com o encorajamento. Os filhos precisam ser estimulados pelos pais. O elogio sincero e a apreciação são ferramentas importantes na formação emocional dos filhos. Os filhos precisam se sentir amados, protegidos, e orientados pelos pais. Correção sem encorajamento é castigo; encorajamento sem correção é bajulação. Ambas as atitudes estão fora do propósito de Deus.
Em quarto lugar, um pai que faz diferença é alguém que cuida da vida espiritual dos filhos. Não basta dar teto, comida, roupa, educação e segurança aos filhos. O pai precisa prioritariamente conduzir seus filhos pelos caminhos do Senhor. O pai deve gerar seus filhos não apenas biologicamente, mas também gerá-los espiritualmente. Um pai que faz diferença é como o patriarca Jó que intercedia todas as madrugadas pelos seus filhos e os chamava para santificá-los. Precisamos de pais que aspirem não apenas o sucesso profissional dos filhos e invistam não apenas no êxito estudantil deles, mas busquem prioritariamente a salvação de seus filhos. Não basta ter filhos brilhantes, precisamos ter filhos salvos. Não basta ter filhos bem sucedidos profissionalmente, precisamos ter filhos consagrados a Deus. Nossos filhos são mais filhos de Deus do que nossos. Eles devem ser criados para realizarem os sonhos de Deus mais do que os nossos. Eles devem viver para a Glória de Deus mais do que para a nossa realização pessoal.

Sem Perdão Não Existe Amanhã

Alguém já disse que a família é o lugar dos maiores amores e dos maiores ódios. Compreensível: quem mais tem capacidade de amar, mais tem capacidade de ferir. A mão que afaga é aquela de quem ninguém se protege, e quando agride, causa dores na alma, pois toca o ponto mais profundo de nossas estruturas afetivas. Isso vale não apenas para a família nuclear: pais e filhos, mas também para as relações de amizade e parceria conjugal, por exemplo.
Poucas são minhas conclusões, mas enxerguei pelo menos três aspectos dessa infeliz realidade das dores do amar e ser amado. Primeiro, percebo que a consciência da mágoa e do ressentimento nos chega inesperada, de súbito, como que vindo pronta, completa, de algum lugar. Mas quando chega nos permite enxergar uma longa história de conflitos, mal entendidos, agressões veladas, palavras e comentários infelizes, atos e atitudes danosos, que foram minando a alegria da convivência, criando ambientes de estranhamento e tensões, e promovendo distâncias abissais.
Quando nos percebemos longe das pessoas que amamos é que nos damos conta dos passos necessários para que a trilha do ressentimento fosse percorrida: um passo de cada vez, muitos deles pequenos, que na ocasião foram considerados irrelevantes, mas somados explicam as feridas profundas dos corações.
Estou ciente das propostas terapêuticas, especialmente aquelas que sugerem a necessidade de re–significar a história e seus momentos específicos: voltar nos eventos traumáticos e dar a eles novos sentidos. Creio também na cura pela fala. Admito que a tomada de consciência e a possibilidade de uma nova consciência produzem libertações, ou, no mínimo, alívios, que de outra maneira dificilmente nos seriam possíveis. Mas por outro lado posso testemunhar quantas vezes já assisti esse filme, e o final não foi nada feliz. Minha conclusão é simples (espero que não simplória): o que faz a diferença para a experiência do perdão não é a qualidade do processo de fazer acordos a respeito dos fatos que determinaram o distanciamento, mas a atitude dos corações que buscam a reaproximação. Em outras palavras, uma coisa é olhar para o passado com a cabeça, cada um buscando convencer o outro de sua razão, e bem diferente é olhar para o outro com o coração amoroso, com o desejo verdadeiro do abraço perdido, independentemente de quem tem ou deixa de ter razão. Abraços criam espaço para acordos, mas a tentativa de celebrar acordos nem sempre termina em abraços.
Essa foi a experiência entre José e seus irmãos. Depois de longos anos de afastamento e uma triste história de competições explícitas, preferências de pai e mãe, agressões, traições e abandonos, voltam a se encontrar no Egito: a vítima em posição de poder contra seus agressores. José está diante de um dilema: fazer justiça ou abraçar. Deseja abraçar, mas não consegue deixar o passado para trás. Enquanto fala com seus irmãos sai para chorar, e seu desespero é tal que todos no palácio escutam seu pranto. Mas ao final se rende: primeiro abraça e depois discute o passado. Essa é a ordem certa. Primeiro, porque os abraços revelam a atitude dos corações, mais preocupados em se (re)aproximar do que em fazer valer seus direitos e razões. Depois, porque, no colo do abraço o passado perde força e as possibilidades de alegrias no futuro da convivência restaurada esvaziam a importância das tristezas desse passado funesto.
Quando as pessoas decidem colocar suas mágoas sobre a mesa, devem saber que manuseiam nitroglicerina pura. As palavras explodem com muita facilidade, e podem causar mais destruição do que promover restauração. Não são poucos os que se atrevem a resolver conflitos, e no processo criam outros ainda maiores, aprofundam as feridas que tentavam curar, ou mesmo ferem novamente o que estava cicatrizado. Tudo depende do coração. O encontro é ao redor de pessoas ou de problemas? A intenção é a reconciliação entre as pessoas ou a busca de soluções para os problemas? Por exemplo, quando percebo que sua dívida para comigo afastou você de mim, vou ao seu encontro em busca do pagamento da dívida ou da reaproximação afetiva? Nem sempre as duas coisas são possíveis. Infelizmente, minha experiência mostra que a maioria das pessoas prefere o ressarcimento da dívida em detrimento do abraço, o que fatalmente resulta em morte: as pessoas morrem umas para as outras e, consequentemente, as relações morrem também. A razão é óbvia: dívidas de amor são impagáveis, e somente o perdão abre os horizontes para o futuro da comunhão. Ficar analisando o caderno onde as dívidas estão anotadas e discutindo o que é justo e injusto, quem prejudicou quem e quando, pode resultar em alguma reparação de justiça, mas isso é inútil – dívidas de amor são impagáveis.
Mas o perdão tem o dia seguinte. Os que recebem perdão e abraços cuidam para não mais ferir o outro. Ainda que desobrigados pelo perdão, farão todo o possível para reparar os danos do caminho. Mas já não buscam justiça. Buscam comunhão. Já não o fazem porque se sentem culpados e querem se justificar para si mesmos ou para quem quer que seja, mas porque se percebem amados e não têm outra alternativa senão retribuir amando. As experiências de perdão que não resultam na busca do que é justo desmerecem o perdão e esvaziam sua grandeza e seu poder de curar. Perdoar é diferente de relevar. Perdoar é afirmar o amor sobre a justiça, sem jamais sacrificar o que é justo. O perdão coloca as coisas no lugar. E nos capacita a conviver com algumas coisas que jamais voltarão ao lugar de onde não deveriam ter saído. Sem perdão não existe amanhã.
Pr Ed René Kivitz