terça-feira, 4 de outubro de 2011

A ARTE DE SOBREVIVER


mundo que Jesus habitou era suprimido pelo caos existencial que se resumiam, entre muitos outros, em guerrilhas religiosas, injustiças sociais e numa desprezível política da tirania romana, a qual agonizava o povo judeu. A inflação altíssima apontava para a economia destruída, os milhares de doentes pelas ruas que os evangelhos nos mostram, revelam a miséria no setor de saúde que o povo sofria, e a pressão negativa psicológica na alma do povo patrocinada pela intolerância político-religiosa e a ausência de um espírito afetivo do povo pobre para com seus próprios irmãos miseráveis; faziam com que a nação mergulhasse numa busca desorientada pela paz e sentido de viver. O materialismo estava acima da arte de humanização e isso trazia uma histeria coletiva onde cada um embriagado pelo seu egoísmo aflitivamente corria atrás de seu Status Quo das formas mais descabidas.
Sem dúvida, o mundo no qual Jesus viveu diferenciava-se em pouco do atual. Hoje o stress, a síndrome do pânico, a depressão aguda, o tráfico de drogas, os grandes ataques políticos, as guerras, o desemprego, a falta de saneamento básico e de reforma agrária produzem “OS SEM TETOS”, “OS SEM TERRAS”, os psicopatas, os homicidas, os desesperançados, os doentes mentais, os mendigos… Por esta causa, os habitantes do mundo moderno se enclausuram cada um em sua caverna psicológica com medo de relacionar-se profundamente, pois a pessoa alheia se tornou uma grande ameaça; daí o porquê das muitas amizades via Internet, e sem exceção, todos trazem dentro de si uma pressão negativa promovida pelo sistema capitalista em conquistarem o seu espaço financeiro a qualquer preço; e conseguir manter-se de pé em meio a tantos bombardeios é uma verdadeira arte. Arte de sobreviver.
Jesus nos mostra que a angústia maior do humano é provocada pela sua preocupante ansiedade no possuir; mas precisamente pelo comer e o vestir. Realmente, as inquietações sobre as questões mais básicas como a alimentação e o vestuário são as maiores produtoras de nossas dores de cabeça, sendo que quanto mais temos mais queremos e mais nos preocupamos, e as dores de cabeça aumentam e o absurdo existencial é sem nome.
A proposta de Jesus para desvencilharmo-nos das solicitudes irracionais pelo dia de amanhã são duas: Olhar as aves que não semeiam, não colhem e nem ajuntam alimentos em celeiros; e olhar os formosos lírios que não compram roupas, mas possuem veste belíssimas.
Sem dúvida, para problemas graves do ser a solução vem apenas de pequenos detalhes como visionar o belo, em fazer de um instante um momento singular e de uma apertada existência uma vida abundante através do aproveitamento de cada dia no descanso gostoso da rede da graça divina que não deixa faltar o básico para as nossas vidas. Porque aquilo que de fato oprime o humano e priva-o da qualidade existencial é a falta de poesia, de criatividade, de esperança, de capacidade ver o belo no feio: os pássaros voando e entoando doces canções no céu poluído pelo ódio humano à natureza, os lírios românticos habitantes de um tenebroso e mal cheiroso vale, das amizades em meio as falsidades, da saúde e da imaginação fértil entre tantos doentes físicos mentais e psicológicos…
Nas desolações desse mundo somente permanecem ilesos aqueles que aprenderam a arte de sobreviver, ou seja, a força de poetizar a sua própria alma e de fazer da vida um grande espetáculo.

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