terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

COMO CRESCER ESPIRITUALMENTE

Fiquei fascinado ao ver um documentário na televisão sobre a extraordinária versatilidade do cérebro humano. Os cientistas dizem que temos muito mais possibilidades à nossa disposição do que imaginamos. O problema está em descobrir como é que podemos explorar ao máximo nossa capacidade.
Um dos cientistas entrevistados afirmou que, se comparado ao intelecto humano, o maior computador do planeta não passa de um “pobre idiota”. Confrontando o sistema de intercâmbio de informações das nossas células cerebrais com uma ligação telefônica, esta é uma “coisa estúpida”. Um neurônio pode conseguir mais ligações num dia do que todas as que são feitas via telefone, no mundo todo, no mesmo período. O cérebro de uma pessoa contém milhões de neurônios e todos têm conexões entre si. Tal capacidade resulta em trilhões e trilhões de possibilidades.
É humilhante pensar que mal co-meçamos a utilizar o nosso potencial. No que diz respeito à anatomia, o cérebro já está próximo da perfeição quando nascemos. No entanto ele pode continuar a se desenvolver até mesmo na velhice.
Depois de desligar a televisão, orei ao Senhor para que eu pudesse fazer melhor uso do que já tenho aprendido. Mas, à luz do documentário, eu poderia acreditar que o melhor ainda está para vir.
Samuel, José e João tornaram-se grandes homens na história do reino de Deus: “E o jovem Samuel ia crescendo e fazia-se agradável, assim para com o Senhor como também para com os homens” (1 Sm 2.26 – ARC). O crescimento intelectual de José foi acompanhado do crescimento físico, social e espiritual. O menino João Batista “crescia e se fortalecia em espírito” (Lc 1.80). Jesus foi um exemplo admirável de crescimento adequado: “E crescia Jesus em sabedoria [em ampla e perfeita compreensão], estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2.52 – acréscimo meu).
No caso das nossas capacidades intelectuais, há alturas inimagináveis que ainda não atingimos. Espiritual-mente, isso é ainda mais verdadeiro. Jesus diz nada menos que isto: “Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mt 5.48). A ênfase no mandamento de ser perfeito não se refere a uma natureza moral impecável, mas sim a um amor que inclui a todos e que busca o bem de todos. Devemos ser como o Pai, amando também aqueles que não nos amam. Portanto, o termo “perfeito” significa aqui “verdadeiramente crescido, amadurecido em piedosa compreensão e caráter”.
Paulo fala do nosso crescimento “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4.13).
E não atingimos a maturidade espiritual instantaneamente. Isso não seria natural.
“Iria me sentir enganado”, disse-me um pai, “se meu filho pequeno, por algum milagre, se tornasse de repente um adulto. Eu quero desfrutar de cada fase do seu desenvolvimento. Quero ajudá-lo passo a passo.”
Isso acontece também no nosso desenvolvimento espiritual. Nosso Pai celeste quer nos ajudar passo a passo. Ele não espera mais de nós do que aquilo que pode acontecer nesse ritmo.
O exemplo de Jesus prova que o crescimento espiritual se verifica, acima de tudo, numa íntima relação com Deus. Com doze anos, Jesus assustou os pais e os mestres religiosos por causa da sua fome pelas coisas de Deus. Jesus tinha tanto desejo de aprender que fazia perguntas inteligentes aos cultos doutores (Lc 2.46). Essas coisas constituíam o seu alimento (Jo 4.34). Jesus tornou-se um homem que incluía Deus na realidade diária da sua vida. Para orar sem interrupções, ele tinha um encontro com Deus na quietude da madrugada. Quando tinha de tomar decisões importantes, como no caso da escolha dos discípulos, Jesus tomava-as depois de prolongada oração (Lc 6.12,13).
O nosso crescimento depende do desejo que temos pelo leite espiritual da Palavra (1 Pe 2.2). Envolvidos no amor de Deus, devemos crescer, em todos os aspectos e em todas as coisas, na direção de Cristo (Ef 4.15).
As indústrias alimentícias e as de cosméticos gastam tremendas quantias em publicidade para nos convencerem de que aquilo que comemos e a maneira como cuidamos de nós determinam o que somos. Na nossa vida mental e espiritual isso é ainda mais significante. Com o que nos alimentamos? O que lemos? O que ocupa os nossos pensamentos e conversas? Como empregamos o tempo de que dispomos?
Manter uma postura espiritual num mundo que se torna cada vez mais materialista, egoísta e perverso é realmente difícil. No entanto nós dispomos de ajuda – a Palavra de Deus e o Espírito Santo. Eles ajudarão a determinar o padrão da nossa vida cotidiana. Eles irão nos informar e nos guiar. Também hão de corrigir-nos e habilitar-nos a nos tornarmos mais equilibrados. Estaremos assim preparados para a nossa missão e equipados para toda a boa obra (2 Tm 3.16,17). Daremos honra ao nome de Deus e com isso cumpriremos o propósito da nossa vida.
A Bíblia compara o cristão à árvore frutífera. O propósito da árvore é, em última análise, dar frutos. É importante que suas raízes sejam alimentadas com água e que suas folhas respirem ar puro, mas sua produtividade depende em grande parte da maneira como reage à resistência do solo e às intempéries. Como é que ela reage ao calor, às baixas temperaturas e às tempestades? Será a sua força interior tão grande que não sucumba ante as difi-culdades? Se a resposta é “sim”, o fruto está garantido.
Jesus aprendeu com o sofrimento (Hb 5.8). Ele suportou a cruz e a vergonha, porque continuava a olhar para o gozo que o espera. Jesus vivia com o pensamento de que o melhor ainda está para vir.
Deus permite que a humanidade conviva com o sofrimento a fim de que possamos crescer em caráter. Ele prometeu também que as dificuldades não serão superiores à nossa capacidade de suportá-las, e que também não durarão indefinidamente (1 Co 10.13). Se seguimos o exemplo de Jesus em tempos difíceis, não precisamos ficar preocupados ou desanimados (Hb 12.2,3).Escolher o crescimento e a maturidade é escolher a aventura. Viver com Deus é verdadeiramente empolgante.
As pessoas que já provaram o que significa crescimento, e aquilo a que ele pode conduzir, têm uma maneira diferente de pensar. Desejam avançar e continuar a desenvolver-se. Como escolhem crescer, escolhem seguir a Deus e honrar a Cristo.
A forma de começar a crescer na direção certa é começar a estabelecer prioridades. É dar prioridade às coisas que devem receber atenção primeiro. Isso nos ajudará a fazer melhor uso do tempo. Questões de menor importância devem ter a atenção que merecem – menor. É bom estabelecer alvos atingíveis e verificá-los de tempos em tempos, para ver se de fato estamos alcançando-os.
Todo cristão que escolhe amadurecer espiritualmente terá também de organizar sua vida, planejando as prioridades. Pode perguntar a si próprio quais as coisas mais importantes que pretende realizar nos próximos três ou seis meses. O objetivo disso é conseguir ver melhor a realidade da sua vida. O que é necessário no seu relacionamento com Deus? Quais as necessidades da sua família, do seu trabalho ou dos seus estudos? É preciso separar mais tempo para descanso e atividades físicas? Que ponto forte do seu caráter poderia usar melhor? Que pontos devem ser melhorados?
Precisamos, sem dúvida, reavaliar nossa vida e nossos alvos. Cada fase da vida oferece um desafio específico a um crescimento no propósito mais profundo da nossa existência – glorificar a Deus.
Sim, o melhor ainda está para vir, quando experimentamos o que Paulo diz em 1 Coríntios 2.9: “Mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”.
escrito por : Francisco Côrtes alves.

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