sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O CARNAVAL, AS CINZAS E O CINISMO

CARNAVAL 2009
O entrudo, termo relacionado com a entrada da quaresma, era um período anual de festas profanasEstamos às vésperas de mais um período de carnaval no Brasil, dias de prazeres transitórios e de tristezas duradouras. Alguns mais aferrados a um nacionalismo inocente, para não dizer idiota, diriam tratar-se de uma manifestação “cultural” legitimamente brasileira. Outros brasileiros “Tupiniquins” de fato e de direito, como eu, forçados pela análise histórico-cultural de alguns povos, não exitariam em afirmar que o carnaval brasileiro é, no mínimo, o reflexo colonial degradante de uma origem metropolitana degradada.Já que a temática neste início de século é “Brasil 500 anos” ou coisa parecida, vale a pena lembrar que a metrópole portuguesa, “descobridora” e colonizadora desta terra que ora se chama Brasil, mantinha uma tradição entre suas manifestações culturais e religiosas denominada entrudo. O entrudo, cujo significado do termo relaciona-se com entrada da quaresma, era um período anual de festas profanas, iniciado no dia de Reis (Epifania) e que se estendia até a quarta-feira de cinzas, às vésperas dos jejuns da quaresma. Marcava-se pela libertação temporária do auto-controle de comer carne (em contraposição à quaresma, ou seja, jejum de quarenta dias anterior ao domingo de Páscoa), beber desmedidamente, desfrutar de outros prazeres e folias grotescas. Tais manifestações em outros países, como Itália, Alemanha, França, foram denominadas Carnaval, ou “festa da carne”, em que a palavra “carne” envolve-se intencionalmente num jogo de duplo sentido, significando, não apenas o ato de comer carne de alguns animais, mas principalmente, a expressão bíblica “carne”, que se refere aos apetites e paixões desenfreados do corpo e da natureza humana desprovida de temor a Deus.Há uma certa concordância entre historiadores e pesquisadores quanto ao fato de que as origens do carnaval retrocedem às mais antigas celebrações orgíacas da humanidade, entre as quais citamos as saturnais romanas, as orgias à Dionísio, uma divindade grega relacionada às vinhas e ao vinho, a qual foi renomeada pelos romanos com o nome Baco, de cujas orgias originou-se o termo bacanal (festa a Baco).Passados 500 anos de descobrimento, quem dera de colonização, tendo nascido e crescido na “capital brasileira (ou mundial) do carnaval”, a cidade do Rio de Janeiro, me pergunto: Onde está a lógica de uma sociedade, dita “cristã” na sua maioria, que estabelece premeditadamente quatro dias de orgia pecaminosa e um dia de perdão, representado pelas cinzas, como se pecado e perdão no “calendário” de Deus tivessem data marcada? Que religiosidade cristã é essa que navega cinicamente entre a proa da “santidade” e a popa do “pecaminoso”? Será que na Bíblia dos que convivem com esse cinismo, está escrito o mesmo que leio na Bíblia que está, agora, à minha frente: “Andemos dignamente, como quem age à luz do dia, não em orgias e bebedeiras, não em imoralidade sexual e depravação, não em desavença e inveja. Pelo contrário, revestí-vos do Senhor Jesus Cristo, e não premediteis em satisfazer (ou realizar) os desejos da carne.” (Romanos 13:13-14)?Ainda há chance de um arrependimento autêntico, pois, “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará, mas o que AS CONFESSA E ABANDONA alcançará misericórdia.” (Provérbios 28:13).

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